13.7.2016
O carvão dando lugar ao tigre.
Coruja, no escuro do carvão com o trabalho da borracha.
Desde a infância Douglas Muratori usa seu talento artístico para abrir inúmeras portas que estão moldando sua trajetória profissional. A falta de recursos financeiros para investir em cursos pagos não foi motivo para frear seus passos. Ao contrário, ele se tornou autodidata, apesar de ter largado os estudos ainda na sexta série. Mas chegou um momento que surgiu a necessidade de buscar o conhecimento da academia! Para tanto, ele correu atrás do prejuízo. Terminou o primeiro grau, o ensino médio e hoje é calouro de Design da UEM Cianorte e você irá conhecer um pouco mais de sua história!
A lembrança mais antiga que Douglas tem sobre seus primeiros traços é da 3ª série, quando os livros didáticos eram repletos de ilustrações. Fascinado, ele tentava reproduzi-las e nos trabalhos escolares todos se encantavam com seus desenhos. “Foi aí que vi que tinha algo diferente dos outros. A facilidade de desenhar é natural. Não sei explicar, eu vejo e reproduzo no papel”, sintetiza Douglas.
Douglas sempre foi apaixonado por desenhos animados e HQ´s (História em Quadrinhos) e aos 11 anos resolveu que iria fazer sua própria HQ. Ele lia muito as revistas sobre o assunto já que na época não tinha disponível o universo da internet. As pessoas com quem convivia o incentivavam e os pedidos de desenhos eram constantes. “Fui me aprofundando nesse universo, pesquisava sobre o processo de uma História em Quadrinhos e sobre produção de desenhos animados. Lembro-me que na 5ª série nossa escola estava participando da semana literária ou algo do tipo, e fui responsável pela parte artística. Montei todo o cenário do teatro decorado com o tema da Turma da Mônica e alguns figurinos”, relembra.
HQs criadas aos 11 anos.
Imaginação e cores, aos 11 anos.
Um ano após a ideia de montar sua HQ, 04 exemplares eram assinados por ele próprio. As participações em concursos, dos quais tomava conhecimento nas revistas que comprava, e o fascínio que sua arte despertava junto aos amigos de colégio, sensibilizou uma professora de educação artística. A professora Genira Oliveira Castilho possibilitaria um avanço em sua carreira que estava despontando.
“ Vendo minha facilidade de desenhar ela me ofereceu um curso de desenho artístico em seu ateliê, quando tive a possibilidade de ampliar meus conhecimentos e técnicas de desenho realista, pintura a óleo e artesanato”, relembra Douglas. O aproveitamento no curso foi nota dez e ao concluí-lo o ex-aluno mudou de lugar e passou a lecionar no mesmo ateliê, aulas de desenho artístico e desenho animado. (13 anos)
À esquerda, ainda criança, ele já era instrutor em oficinas de arte.
Em plena adolescência a dona de uma gráfica da cidade conheceu seus trabalhos e aos 15 assumiu a função de arte-finalista, tendo a oportunidade de aprender todos os processos de uma gráfica desde criação e desenvolvimento, gravação em chapas offset, acabamento e os maquinários. Foi nessa época que ele parou de estudar, apesar de continuar pesquisando sobre técnicas de desenho e animações, jogos eletrônicos, filmes e seus efeitos de computação gráfica.
Prestes a atingir a maioridade, Douglas atuava em uma lavandeira e nas horas vagas sempre desenhava.
Grafite.
Fazendo arte.
Retrato no grafite.
Encantada com sua arte uma das costureiras mostrou seus desenhos para o chefe dos designers. Uma semana depois Douglas passou a colaborar no desenvolvimento de produtos. “Eu auxiliava as estilistas e lá também aprendi todo o processo de criação e desenvolvimento na área do vestuário. Passei por todos os setores já que fazia parte da criação, até chegar a designer de bordado industrial”.
Bordado industrial na peça piloto
A buscar pelo conhecimento sempre o levou a aprender novas técnicas e realizar novas experiências. O traço no papel, em apenas uma dimensão não era mais suficiente. Douglas queria materializá-lo em algo física, que pudesse ser tocado! “Foi quando busquei aprender técnicas de esculturas, dos mais variados tipos e materiais."
Auto-retrato em massa de modelar.
Miniaturas com humor.
Momentos eternizados sob a forma de miniaturas.
Ainda não satisfeito, ele estudou o processo de efeitos especiais em filmes, a técnica dos bonecos animatrônicos e computação gráfica. Nessa busca aprendeu sobre desenvolvimento de games, para dar “vida” às suas ideias.
Em 2014 começou dar aulas no Cras, Creas e Casec, exercendo a função de orientador da oficina de artes e professor de desenho artístico. Nesse ano, casado, com uma filha, partiu para descobrir uma outra paixão: o curso de Design! “Era a VI Semana Acadêmica de Design da UEM, participei das palestras e oficinas e me apaixonei pelo curso”.
A fim de realizar o propósito que fez consigo mesmo de entrar para a Universidade, ele correu atrás do prejuízo, terminou o segundo grau, fez o ENEM e passou no vestibular de verão. “Hoje estou potencializando meus conhecimentos em um curso que procurei a vida toda”, comemora.
Seus gostos passam por filmes de ficção e espionagem, jogos eletrônicos, computação gráfica, esculturas, action figures e artesanato com reciclagem de materiais. “Minhas inspirações vem dos filmes, animes, jogos eletrônicos e tudo que abrange esse universo da computação gráfica, sites de banco de imagens com pinterest sempre me ajudam na hora da criação, escultores (character designer) como por exemplo Rick Fernandes e os artesanatos vem das técnicas que busquei em todos esses anos, e da necessidade de sempre aprender mais e mais.
Grafite e minuciosidade.
Arte na rua.
“Sempre gostei de criar e modelar, e por ser autodidata tenho um grande repertório aprendendo durante todos esses anos. Mas eu precisava da parte teórica, não estava contente em só ter a prática. Necessitava aprender mais e com a ajuda de professores, orientação técnica de verdade isso me abriu outro universo. A visita à VI Semana Acadêmica de Design caiu do céu para mim, vi a oportunidade e agarrei. Preciso saber onde esse conhecimento pode me levar”.
Criador e criaturinha em sua primeira mostra como acadêmico de Design.