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"Rolê das minas": intervenção contra a violência às mulheres nas ruas de Cianorte

4.12.2015

De uma hora para a outra a violência que as mulheres sofrem nos mais diversos espaços ganhou as ruas de Cianorte. Cartazes em preto e branco e outros coloridos mostram o lado sombrio vivenciado por vítimas das mais variadas idades e classes sociais. O “rolê das minas”, organizado através de um evento no Facebook saltou para o mundo off-line . Universitárias da UEM, instituições particulares e profissionais liberais realizaram na última sexta (28) a primeira, daquela que promete ser uma série, intervenção na Cidade.

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Colativa: fonte de inspiração

Adriane Olenski March é acadêmica do terceiro ano de Direito da UNIPAR e é uma das integrantes que estão à frente da ação.  “Acho que podemos considerar que o nascimento do projeto se deu em uma viagem minha para Curitiba, lá em uma passagem pela Rua Francisco, que já é famosa por suas intervenções, tive o primeiro contato com o coletivo Colativa, que é formado por algumas meninas do Recife, que fazem lambe-lambes com foco em questões feministas”, conta a universitária.  Após retornar para Cianorte, ela contatou o Colativa a fim de solicitar a autorização para o  uso das artes na Cidade. “Fiquei muito contente pois elas se mostram muito acessíveis e disponibilizaram na hora. Como postei a imagem dos lambe-lambes em algumas redes sociais, outras meninas comentaram sobre como seria legal essa intervenção aqui” detalha Adriane a respeito do pontapé inicial.

Assédio Revelado

Outro ponto crucial para que a intervenção acontecesse foram os relatos do #meuamigosecreto, uma iniciativa recente que movimentou as redes sociais ao estimular que as mulheres relatassem os mais variados tipos de assédio sexuais sofridos no cotidiano.  “Ter conhecimento de tantos depoimentos de meninas tão próximas de nossa convivência, a respeito de  como somos vítimas do machismo diário, foi um baque enorme. Decidimos então que essa seria a hora da intervenção, mas não só com o nosso círculo de amigas, e sim com todas as meninas que se dispusessem a participar”, explica Adriane.

Apesar de São Pedro, novembro é o mais chuvoso nos últimos 40 anos no Paraná, a ação foi registrada em vários locais com amplo fluxo de transeuntes. Adriane fala com entusiamo sobre a ação realizada e os planos futuros.  “Me surpreendi com tanta menina bem esclarecida e que apoiava o movimento, o coração enche de alegria e esperança em um mundo sem machismo. A próxima meta é organizar uma atividade  cultural, com palestras, exposições, , teatro, dança, música e o que conseguirmos movimentar e agregar no nosso evento, além de tentar implantar essa intervenção em outras cidades da região”.

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Perfil das minas

Estudantes universitárias ou que se formaram recentemente caracterizam o perfil das participantes. “Tivemos o cuidado de convidar algumas meninas mais novas e algumas mulheres mais maduras, que aceitaram muito bem a intervenção. Mas faltou a participação de mais meninas negras, que sofrem além das questões de gêneros, as questões raciais, e também as meninas trans, que estão sendo marginalizadas”, pondera a universitária ao salientar que “nos próximos evento, tentaremos encontrá-las e convidá-las para nossas intervenções. Seria ótimo aprender com elas!”. Conforme Adriane, ainda não existe um Coletivo em Cianorte, apesar de a ideia estar em mente.  “As meninas da Colativa já se dispuseram em tirar nossas dúvidas quando criarmos o nosso coletivo, elas são só amor”.

 

[“É importante que as garotas estejam unidas, independente se é em um movimento pequeno ou um evento gigantesco, o que importa é lutar pela causa. Feminismo não é mimimi, feminismo é sério, muito sério e as pessoas precisam enxergar isso, não só em Cianorte mas no mundo inteiro.” Lohane Aguiar - Acadêmica de Design - UEM “É importante que as garotas estejam unidas, independente se é em um movimento pequeno ou um evento gigantesco, o que importa é lutar pela causa. Feminismo não é mimimi, feminismo é sério, muito sério e as pessoas precisam enxergar isso, não só em Cianorte mas no mundo inteiro.” Lohane Aguiar - Acadêmica do 1º Ano de Design - UEM - Cianorte.

 

[“Sabemos que somente uma intervenção não vai de fato mudar a realidade de viver em uma sociedade machista e misógina, mas poder fazer as pessoas refletirem, por exemplo, ao sair do banco e dar de cara com um cartaz que nós colamos, já vale a pena. Recentemente matérias relataram que após algumas campanhas nas redes sociais, que visavam ajudar mulheres a relatar vários tipos de assédio, violência e machismo, houve um aumento significativo em denúncias reais pelo disque 180, por parte das mulheres, e por isso acredito que essa intervenção veio em um momento certo e vai sim criar algo positivo na nossa cidade. Queremos criar vários movimentos aqui, unir as mulheres, esse foi só o pontapé inicial de algo muito maior! O que queremos é um debate sobre emancipação da mulher, sobre políticas públicas com foco em mulheres, sobre violência doméstica, sobre machismo, sobre padrões de beleza na nossa cidade, na nossa realidade. Não seguimentos nenhuma vertente de feminismo, então todas são acolhidas, até as que não conhecem sobre ou querem aprender mais, pois é um aprendizado constante de todas. Somos bem novas, mas queremos passar para as outras meninas nosso conhecimento e ainda aprender com elas, tanto por meio de teorias doutrinárias, tanto quanto por vivências, experiências, histórias, tudo é válido e tudo é bem-vindo e estamos sempre a disposição de um debate saudável."

“Sabemos que somente uma intervenção não vai de fato mudar a realidade de viver em uma sociedade machista e misógina, mas poder fazer as pessoas refletirem, por exemplo, ao sair do banco e dar de cara com um cartaz que nós colamos, já vale a pena.
Recentemente matérias relataram que após algumas campanhas nas redes sociais, que visavam ajudar mulheres a relatar vários tipos de assédio, violência e machismo, houve um aumento significativo em denúncias reais pelo disque 180, por parte das mulheres, e por isso acredito que essa intervenção veio em um momento certo e vai sim criar algo positivo na nossa cidade. Queremos criar vários movimentos aqui, unir as mulheres, esse foi só o pontapé inicial de algo muito maior! O que queremos é um debate sobre emancipação da mulher, sobre políticas públicas com foco em mulheres, sobre violência doméstica, sobre machismo, sobre padrões de beleza na nossa cidade, na nossa realidade.
Não seguimentos nenhuma vertente de feminismo, então todas são acolhidas, até as que não conhecem sobre ou querem aprender mais, pois é um aprendizado constante de todas. Somos bem novas, mas queremos passar para as outras meninas nosso conhecimento e ainda aprender com elas, tanto por meio de teorias doutrinárias, tanto quanto por vivências, experiências, histórias, tudo é válido e tudo é bem-vindo e estamos sempre a disposição de um debate saudável." Adriane Olenski March - Acadêmica do 3º Ano de Direito na Unipar – Cianorte.

 

[“Acho que, de forma resumida, temos dois pontos importantes a serem analisados: O primeiro é que, como Cianorte se trata de uma cidade pequena do interior, grande parte da população ainda tem muitos conceitos e atitudes tradicionais e um tanto quanto machistas. Portanto a intervenção que fizemos visa informar às pessoas, e principalmente às mulheres alguns conceitos do feminismo, a importância do mesmo, e outros temas como aceitar o próprio corpo, união feminina, empoderamento da mulher, assédio e abuso sexual. Para que elas possam problematizar e reanalisar alguns comportamentos que talvez julgassem normais. O segundo ponto relevante é sinalizar, com o movimento, que nós estamos aqui. Que em Cianorte, mesmo sendo uma pequena cidade do interior, há mulheres que estão unidas, lutando nas ruas, buscando mudanças. E quem sabe, desta forma, possamos empoderar e inspirar cada vez mais meninas a se juntarem à nossa luta diária.” Aracely Aguiar - Acadêmica UEM - Cianorte.

“Acho que, de forma resumida, temos dois pontos importantes a serem analisados:
O primeiro é que, como Cianorte se trata de uma cidade pequena do interior, grande parte da população ainda tem muitos conceitos e atitudes tradicionais e um tanto quanto machistas. Portanto a intervenção que fizemos visa informar às pessoas, e principalmente às mulheres alguns conceitos do feminismo, a importância do mesmo, e outros temas como aceitar o próprio corpo, união feminina, empoderamento da mulher, assédio e abuso sexual. Para que elas possam problematizar e reanalisar alguns comportamentos que talvez julgassem normais.
O segundo ponto relevante é sinalizar, com o movimento, que nós estamos aqui. Que em Cianorte, mesmo sendo uma pequena cidade do interior, há mulheres que estão unidas, lutando nas ruas, buscando mudanças. E quem sabe, desta forma, possamos empoderar e inspirar cada vez mais meninas a se juntarem à nossa luta diária.” Aracely Aguiar - Formada em Moda, pela UEM - Cianorte.